Largamente noticiado nos jornais:
O Ministério da Educação assinou um Protocolo com a Associação 25 de Abril e a Associação de Professores de História.
Objectivo?
Mudar a forma como a Revolução dos Cravos é ensinada nas escolas.
Não resisto a transcrever uma pequena referencia feita pela Senhora Ministra a tal propósito:
“Com este protocolo, as escolas vão trabalhar para estimular a aprendizagem do 25 de Abril, uma matéria difícil e até esquecida no programa”
Isto não é mais que a pura politização do ensino.
Isto não é muito diferente daquilo que os regimes ditos ditatoriais normalmente fazem em matéria de definição de programas escolares, como aliàs também se fazia no “Estado Novo”.
Enxameavam-se os programas de História com os gloriosos feitos da Grei, enalteciam-se os sagrados valores pátrios, obrigavam-se os alunos a decorar nomes de reis e raínhas, datas de gloriosas batalhas onde sobressaía a bravura lusitana, e de repente, como se a verdadeira História de Portugal tivesse sofrido um hiato inultrapassável, saltava-se de 1910 para 1926, omitindo em mais de 90% todo o conjunto de realidades político-sociais que o País vivera na 1ª. República, para se fixar no dito “desenvolvimento” retomado com o chamado “Estado Novo”.
Lendo a maioria dos manuais de História desse tempo, até se ficava com a sensação de que Salazar tinha sucedido a D.Manuel II.
Por outro lado mantinham-se níveis acentuados de rigor e exigência, fazendo com que estudar significasse trabalhar a mente, exercitar o raciocínio, apelar à inteligência.
É óbvio que se aplaude a vontade manifestada de os alunos das nossas escolas serem bem ensinados quanto àquilo que foi a Revolução dos Cravos, o que ela significou, e quais as suas mais profundas motivações.
Mas também é preciso falar do que foi a sua evolução, e alguns tortuosos caminhos que o País percorreu nos tempos posteriores.
E que não se caia no erro de criar um novo hiato na História, saltando agora de 1926 para 1974.
Mas este não é o aspecto para mim mais preocupante.
É sabido que o ensino em Portugal teve um longo período de laxismo, de falta de exigência, de quase inutilidade ou superficialidade dos programas . Isto sobretudo no chamado Ensino Secundário, tendo chegado a existir um período de tempo em que era interdito reprovar em anos de passagem sem provas de exame.
O que era bom ouvir aos responsáveis da Educação seria afirmar não só a autoridade dos professores, mas sobretudo ter a coragem de elevar os critérios de exigência no que respeita aos níveis de conhecimento teórico e prático dos alunos, reduzindo o “folclore” das discussões estéreis e pseudo participativas, e aumentando o sentido de responsabilidade de alunos, professores, encarregados de educação e sociedade em geral na construção de uma “Escola” como verdadeiro “Espaço de Formação Cultural e Cívica”.
Ao que parece já vamos muito atrasados nesse caminho, mas,como diz o povo “mais vale tarde que nunca”.
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