Segunda-feira, 30 de Abril de 2007

A Europa, O Multiculturalismo e A Farsa

Às vezes os políticos têm uma coragem inesperada. Mas só a têm quando a pressão do exercício do poder desaparece, e se pode soltar a expressão do pensamento individual sem ter de obedecer a teias de interesses e ao formalismo dos gabinetes.

Se ainda por cima, enquanto esteve no poder um político consegue notoriedade internacional, passando após uma eventual derrota eleitoral a conferencista de profissão, maior se torna a liberdade de dizer coisas que, enquanto se está no governo de qualquer país, têm de ser evitadas em nome do “politicamente correcto”.

Há cerca de uma semana José María Aznar esteve em Portugal, mais concretamente no Porto, onde fez uma conferencia no Palácio da Bolsa, falando para um auditório constituído por empresários, políticos e jornalistas de referencia.

Lendo o “Diário de Notícias” e acreditando que, aquilo que Aznar disse no Porto corresponde ao seu verdadeiro pensamento pessoal, então o que se pergunta é:

-O que teria acontecido a José María Aznar, enquanto foi chefe do Governo Espanhol se, nessa qualidade, e falando da União Europeia, dissesse coisas como:

 

“-Os vários líderes europeus têm de definir as fronteiras da União;

-A tradição europeia de defender um princípio de multiculturalismo é um erro. Sociedades multiculturais são sociedades divididas.

-Um modelo assente na total abertura de fronteiras e de aparente absorção de cidadãos de outras culturas é, além de um erro, um grande fracasso.

-O multiculturalismo acaba por conduzir à negação da própria sociedade democrática.

-Isto nada tem a ver com o respeito do sagrado princípio da tolerância na União Europeia.

-Uma Europa com uma população imigrante de 10% não é seguramente a mesma coisa que uma Europa com 40% de imigrantes.

-Não é a mesma coisa uma Europa com maioria cristã ou muçulmana;

-Os líderes europeus têm forçosamente de reflectir nas fronteiras da União;

-Têm forçosamente de reflectir na recuperação dos verdadeiros valores europeus;

-Não podem pensar só no “politicamente correcto”.

-Para conseguir isto os líderes europeus têm de ter coragem”;

 

E agora pasmem os mais incrédulos.

José María Aznar deu alguns exemplos de políticos com essa coragem.

George Bush (pai); Margareth Thatcher; Boris Ieltsin; Ronald Reagan; George W.Bush; Tony Blair e o Papa João Paulo II.

Aznar diz mesmo que João Paulo II foi de todos quantos conheceu, o líder mais decisivo, ao ter uma contribuição determinante para a queda do comunismo.

E disse ainda o antigo Primeiro Ministro Espanhol que o problema demográfico da Europa não se resolve com políticas simplesmente tolerantes de imigração.

Considera criticáveis aqueles que passam a vida a atacar as ditaduras de direita, mas fazem vista grossa a ditaduras comunistas como por exemplo o regime de Fidel Castro em Cuba.

E terminou com um rasgado elogio ao Papa Bento XVI de quem disse o seguinte:

-A Bento XVI ouvi a frase mais inteligente de todas sobre os 50 anos do Tratado de Roma.

Qual foi ela?

-A Europa está condenada à inexistência!

 

Entre outros, ando eu há muito tempo a levantar questões como estas. Afinal até os mais empenhados europeístas (quando no poder), são dos mais críticos do sistema europeu, e quando passam a pensar e agir como simples cidadãos não andam muito longe daquilo que pensam os que, por terem total liberdade de pensamento, se sujeitam a rótulos fáceis mas não sériamente argumentáveis.

Volto a dizer o que já aqui disse várias vezes:

-andam a construir uma Europa de costas voltadas para os cidadãos europeus.

 

Talvez valha a pena reflectir no pensamento de Bento XVI que José María Aznar relembrou na sua conferencia no Porto.

 

PS: Não perder o mundo das fábulas hoje em “O Tripé”.

publicado por H. Dias Pedro hdp às 00:11

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Domingo, 29 de Abril de 2007

A Memória dos Povos

Notícias complicadas, como que a recordar-nos algo de que já tenho falado múltiplas vezes.

Talin, capital da Estónia, foi palco de graves incidentes, com manifestações violentas de grupos de jovens, e cargas violentas das autoridades policiais.

A propósito de alguns arremedos ou ameaços de movimentos recentes de extrema direita em Portugal, têm dito alguns “teóricos” da política que, não sendo ainda caso para grandes preocupações, convém irmos tendo algum cuidado.

Ora bem…a propósito do que se começa também a passar na zona leste da Europa há que dizer o mesmo. Andará por lá alguém a querer reeditar o antigo bloco soviético e a tentar o renascimento do movimento comunista.

Mais ainda, a querer regressar aos tempos da chamada “guerra fria”.

Veja-se o caso de Vladimir Putin, Presidente da Rússia, que ameaçou há dias os países da NATO com o possível abandono do Tratado de Forças Convencionais na Europa.

Isto porque os Estados Unidos estão a instalar um sistema de defesa anti-míssil na Polónia e na República Checa.

Agora em Talin, já se vai na terceira noite do violentos confrontos, porque o Governo Estónio, república independente desde 1991, ordenou a retirada de um monumento de homenagem aos soldados soviéticos, e que tinha sido erigido nos tempos de ocupação da Estónia, por alturas dos anos quarenta.

Sucede que uma grande parte da população do país é de origem russa, e este facto foi sentido como uma afronta pelo governo de Moscovo.

Chegou mesmo ao ponto de o parlamento russo ter sugerido ao Presidente Putin o corte de relações diplomáticas com a Estónia.

Sem querer assumir o papel de ave agoirenta, não pressinto nada de bom nestes fenómenos.

Mas também nada que espante.

Como tenho dito a vários propósitos, a História não se apaga com um passe de magia, e ainda deve haver lá para os lados de Moscovo quem tenha “saudades” do antigo regime soviético, e do poder ditatorial do PCUS.

Surge depois a constatação que à cabeça destas manifestações está população jovem, e a pergunta que cabe fazer é qual o grau de maior ou menor consciência de nacionalismo estónio que demonstram.

A Estónia é uma antiga República e Nacionalidade do Báltico, tal como a Letónia e a Lituania, e que foram anexadas à força pelo antigo regime soviético.

Não sou daqueles que defende a destruição de monumentos, sejam estátuas ou outra coisa qualquer, como actos simbólicos de afirmar a liberdade e a independência.

Estas conquistam-se pela afirmação nacional, segura e coesa, e não pelo mero folclore, sempre destinado ao fracasso,  de tentar apagar o passado.

Mas sendo a Estónia um país hoje independente, mal se entende a reacção russa de querer interferir num assunto que aparentemente não lhe diz respeito.

Mais, Vladimir Putin ganharia perante a comunidade internacional se desvalorizasse o incidente.

Pretender uma Rússia democrática e ao mesmo tempo ter assomos do velho colonialismo ditatorial soviético são coisas que não encaixam uma na outra.

Era o mesmo que Portugal tentar intrometer-se nas decisões dos Governos das antigas colónias africanas, quando mandam, ou mandaram, deitar abaixo estátuas e monumentos que lembravam figuras do regime colonial português.

Pode ser apenas um epifenómeno que com o tempo se irá apagando.

Mas que os sinais que dali vêm não auguram nada de bom também é verdade.

 

publicado por H. Dias Pedro hdp às 00:09

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Sábado, 28 de Abril de 2007

Coisa Nenhuma!

Hoje é sábado e…

Ora…hoje não me apetece escrever sobre “coisa nenhuma”.

O que é óptimo porque:

-Não sou obrigado a ler jornais;

-Não sou obrigado a ver televisão;

-Não sou obrigado a ouvir rádio;

-Não tenho de ouvir qualquer espécie de opinião;

-Não tenho de ouvir falar ninguém do Governo;

-Nem da oposição;

-Nem da pseudo oposição;

-É-me indiferente o que eles todos dizem…

-Dizem??...

-Bem…lá falar falam muito, é verdade…

-Quanto a dizerem alguma coisa…

-Agrada-me saber que o Eusébio já foi para casa (soube isto ontem);

-Também ontem falou-se do Carmona Rodrigues…

-E hoje?

-Só me chateia não saber as previsões do boletim meteorológico.

-Mas…pelo que se percebe das nebulosidades que pairam, é capaz de haver chuva para o fim de semana.

-Vai ser óptimo para as couves;

-E para os fabricantes de chapéus de chuva;

-Não sei se também para os feijões, para as berinjelas e as alcachofras;

-Talvez se eu perguntar a algum agricultor do interior do país…

-Ora…no interior do país já não há agricultores…

-No zona costeira também não haverá muitos…

-Então…

-Não há couves para ninguém.

-Nem batatas…

-Nem feijões…

-Não faz mal…comem-se hamburgers.

-E chocolates.

-Vinho?

-Também não há…

-Bebe-se água mineral.

-Ou então…

-Manda-se vir tudo do resto do país.

-Claro…do resto do país para lá de Vilar Formoso.

-Ou para lá de Valença

-Ou para lá de Elvas

-Ou para lá de Vila Real de Santo António.

-Até porque nos fica ao mesmo preço.

-Nem mais caro, nem mais barato.

-E até parece que tudo tem melhor qualidade.

-Ora…estava-me a esquecer…temos peixe…

-Mas…e os barcos de pesca?

-É melhor mandar vir o peixe da Galiza.

-O vinho vem de Bordéus.

-As couves? De Bruxelas.

-As batatas? De Ayamonte.

-A carne virá de Piemonte.

-O resto iremos buscar a qualquer lado…

-Sítios não nos faltam.

Que bom não me apetecer escrever sobre coisa nenhuma…

publicado por H. Dias Pedro hdp às 00:03

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Sexta-feira, 27 de Abril de 2007

Os Sete Euros

E pronto…lá se foi mais uma OPA.

Desta vez ruiu outro grande projecto financeiro. O BCP queria o BPI mas não vai lá.

A administração em peso do BPI veio rejeitar o aumento da oferta, mais ou menos dois euros por acção, de cinco para sete euros, e recomendou a todos os accionistas que recusassem vender.

E os grandes grupos estrangeiros, detentores da maioria do capital do BPI também já vieram dizer que não vendem.

Não sei o que é que se está a passar, mas é decerto problemático.

Anunciam-se grandes negócios em Portugal, coisas de milhões de milhões, dando até a ideia que este país vive na abastança, e depois, os detentores das entidades “atacadas” no mercado, fazem birra, amuam, defendem a sua empresa como se fosse um combate de boxe com luvas de renda, desenvolvem-se campanhas de marketing num e noutro sentido, os principais protagonistas aparecem invariavelmente todos os dias nos noticiários, o país gasta um ano, pelo menos, nesta marmelada, e depois…a montanha pariu um rato.

Bem…neste tipo de casos já são dois ratos num curto espaço de tempo.

Foi a história da Sonae com a PT.

Agora o BCP “contra” o BPI.

A primeira pergunta que me ocorre é esta:

-Será preciso um ano para a coisa chegar ao fim?

A segunda pergunta é:

-Quem lucra com este vai-vém, e com o decurso de um ano para se chegar ao fim do processo?

Os portugueses não são de certeza.

Ao longo de um ano muita coisa acontece nos mercados financeiros, e no que respeita às bolsas de valores estes movimentos são muito importantes para a valorização dos títulos dos potenciais adquirentes.

Durante alguns meses era ver a variação das acções da Sonae e também do BCP.

Depois, com a reversão do processo, deu-se o efeito contrário.

Subiram as acções da PT e agora vai dar-se o mesmo com os títulos do BPI.

Dada a própria natureza deste tipo de mercado, claro que não é possível os portugueses virem alguma vez a saber quem vendeu acções quando estavam em alta, e quem comprou quando estavam em baixa.

É que não se pode esquecer uma coisa:

-Neste naipe de grupos económicos os principais “tubarões” não são portugueses.

Lembram-se do caso da Vodafone?

E agora do La Caja?

Pois é. Quando se faz crer que uma OPA vai ter sucesso, torna-se atractivo para muita gente comprar acções daquele que se pensa vir a ser o triunfador da operação.

E isto de se terem umas migalhas do financiamento de um grupo económico liderado por grandes empórios internacionais tem um grande efeito psicológico.

O pior é que nem as tarifas de telecomunicações melhoram, pese todo o esforço publicitário do Gato Fedorento, nem as condições remuneratórias dos depósitos bancários vão ser mais atractivas para o comum dos cidadãos.

Os portugueses são espertos em muita coisa.

Mas neste mundo das altas negociatas são uns patinhos tontos.

 

publicado por H. Dias Pedro hdp às 00:03

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Quinta-feira, 26 de Abril de 2007

Outras Formas de Comemorar

Ontem foi dia de Liga dos Campeões.

Já anteontem tinha sido.

E foi possível ver dois grandes jogos de futebol. E grandes nomes portugueses a intervir no Grande Palco do Futebol da Europa.

Anteontem Cristiano Ronaldo.

Ontem Ricardo Carvalho, Paulo Ferreira e, claro, José Mourinho.

E todos ganharam. Cristiano Ronaldo até marcou o primeiro golo do Manchester United contra o ACMilan.

Ricardo Carvalho deu início à jogada que culminou no golo com que o Chelsea derrotou o Liverpool.

Há coisas que, por mais simples que sejam, nos satisfazem o ego.

De resto foi um dia feriado, normal, pacato, despreocupado.

Até apetece perguntar:

-Aconteceu alguma coisa de especial?

Olham-se os jornais e percebe-se que houve uma cerimónia na Assembleia da República.

Também umas manifestações de rua.

Uns discursos com o teor de sempre.

Venderam-se mais flores do que é habitual.

E ao que parece na capital inaugurou-se um túnel.

É capaz de ser interessante…mas aquele passe do Ricardo Carvalho na origem do golo do Chelsea…

Era giro ver na final da Liga dos Campeões o Cristiano Ronaldo de um lado, o José Mourinho mais o Ricardo e o Paulo Ferreira do outro.

Pode ser que aconteça.

Afinal parece que o famoso "Apito" passou mesmo a vermelho. Agora, e ao que se ouviu nas notícias, o SLB até já manda na PSP. Até parece que rimam. Antigamente, em outros tempos, rimavam.

Ontem, em pleno dia 25 de Abril, a PSP impediu uma claque do Futebol Clube do Porto de sequer entrar na cidade de Lisboa, para ir apoiar a equipa de hóquei em patins que jogava contra o Benfica.

Nem sequer entraram na cidade.

Para além de isto ser o exemplo da democracia lisboeta, demonstra à saciedade quem é que anda a querer agarrar-se a métodos ilegais para tentar conseguir as vitórias desportivas que legalmente não consegue. Aliàs já era assim antes do 25 de Abril. Para quem é desse tempo fácilmente se lembra da protecção política do antigo regime aos clubes de Lisboa, mas principalmente aos vermelhos da capital.

Não será por acaso que, começada a democracia no País, eles passaram a ganhar menos.

Mas, um bom exemplo do 25 de Abril é que, mesmo com estes laivos de provinciana repressão, a equipa de hóquei do Porto ganhou ontem ao Benfica em Lisboa.

É caso para gritar: Viva a Liberdade.

De mais importante só a descoberta de um novo Planeta, fora do nosso sistema solar, parecido com a Terra.

Alguém disse um dia que não estamos sós no Universo.

Ainda bem.

 

PS: Hoje é dia de “Concreto e Imaginário”.

publicado por H. Dias Pedro hdp às 00:17

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Quarta-feira, 25 de Abril de 2007

Um Cravo Vermelho para Boris Ieltsin!

Hoje é 25 de Abril.

Data histórica em Portugal, pelas razões que todos sabemos.

Saúde-se a chamada “Revolução dos Cravos” apenas porque nos trouxe a democracia e acabou com uma estupidez histórica chamada guerra colonial. Não esqueçamos, porém, que alguns, ainda hoje a viver à sombra dos louros de feitos alheios, ou no respaldo de forças políticas legitimadas pela queda do antigo regime, pretenderam transformar o movimento dos capitães numa espécie de revolução comunista, fazendo deste recanto uma “República Popular” à moda de Cuba, comandada à distancia por Moscovo em pleno auge da União Soviética, e com a “Guerra Fria” a centrar os destinos do mundo, com Nato de um lado e Pacto de Varsóvia de outro.

A juventude dos nossos dias provavelmente não saberá que Portugal esteve por várias vezes à beira da guerra civil e que muitos que são hoje idolatrados como heróis da democracia, quiseram na verdade ser os novos ditadores que iam fazer o povo  português retornar, em curto espaço de tempo, à imposição do silencio e à escravidão do pensamento.

Uns quiseram fazê-lo de modo velado e ardiloso, e foram derrotados pela vontade popular.

Outros, à sombra dessa vontade, ganharam o estatuto de figuras intocáveis, e manipularam os desejos de um povo no sentido que mais lhes convinha.

O povo, esse, continua na mesma.

Portugal só está melhor porque “pensar livremente” não é crime. Pelo menos por enquanto.

É que  já se vão vendo alguns sinais ou pequenos e subtis tiques de condicionar a liberdade de pensamento.

Quanto a viver melhor, e sobretudo com os condicionalismos impostos por uma duvidosa União Europeia (cada vez leio mais opiniões de diferentes autores que vão no mesmo sentido) seria caso, passe o exagero e a ironia, de se fazer um referendo.

Talvez a surpresa fosse enorme.

Mas hoje, ironia das ironias, cabe falar de uma homenagem fúnebre.

É hoje o funeral de Boris Ieltsin, o homem que, com todos os defeitos que se lhe possam apontar, teve a coragem de pôr o ponto final no regime soviético, dar o passo decisivo no caminho da liberdade, afrontar o poder de um regime ditatorial.

Não é possível evitar a referencia a outra figura importantíssima na viragem da história do chamado “Bloco de Leste”, Mikhail Gorbatchev.

Mas falando de Ieltsin, lembremos que foi ele quem pôs definitivamente fim ao comunismo na Rússia, e devolveu a esta a dignidade de uma grande nação, de que aliàs os muitos séculos de história nos obrigam a não esquecer, terminando com a União Soviética e recolocando o povo russo no caminho do respeito e consideração internacionais.

A Grande Rússia voltou a ser uma nação de referencia.

E ao povo russo foi devolvido o direito à opinião, o direito a escolher, o direito a poder dizer “não” às nomenclaturas.

A ironia das ironias é que, no dia em que em Portugal alguns, felizmente falhados, aprendizes de ditadores festejam, sabe-se lá com que sinceridade, a devolução da liberdade ao povo, merece-me mais respeito a memória de um homem que, naquela que foi a pátria do comunismo, teve a ousadia de lhe pôr fim.

Já no estertor do regime soviético há uma última tentativa de golpe em Agosto de 1991.

Boris Ieltsin colocou-se de peito aberto à frente da liberdade, defendeu-a, e reganhou-a para o seu país.

Em 25 de Abril de 2007 vai a sepultar na Rússia um “herói” da liberdade.

É para ele que vai o meu cravo vermelho.

publicado por H. Dias Pedro hdp às 00:08

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Terça-feira, 24 de Abril de 2007

Melhor Ensino Sem Maior Exigencia?

Largamente noticiado nos jornais:

O Ministério da Educação assinou um Protocolo com a Associação 25 de Abril e a Associação de Professores de História.

Objectivo?

Mudar a forma como a Revolução dos Cravos é ensinada nas escolas.

Não resisto a transcrever uma pequena referencia feita pela Senhora Ministra a tal propósito:

 

Com este protocolo, as escolas vão trabalhar para estimular a aprendizagem do 25 de Abril, uma matéria difícil e até esquecida no programa

 

Isto não é mais que a pura politização do ensino.

Isto não é muito diferente daquilo que os regimes ditos ditatoriais normalmente fazem em matéria de definição de programas escolares, como aliàs também se fazia no “Estado Novo”.

Enxameavam-se os programas de História com os gloriosos feitos da Grei, enalteciam-se os sagrados valores pátrios, obrigavam-se os alunos a decorar nomes de reis e raínhas, datas de gloriosas batalhas onde sobressaía a bravura lusitana, e de repente, como se a verdadeira História de Portugal tivesse sofrido um hiato inultrapassável, saltava-se de 1910 para 1926, omitindo em mais de 90% todo o conjunto de realidades político-sociais que o País vivera na 1ª. República, para se fixar no dito “desenvolvimento” retomado com o chamado “Estado Novo”.

 

Lendo a maioria dos manuais de História desse tempo, até se ficava com a sensação de que Salazar tinha sucedido a D.Manuel II.

 

Por outro lado mantinham-se níveis acentuados de rigor e  exigência, fazendo com que estudar significasse trabalhar a mente, exercitar o raciocínio, apelar à inteligência.

 

É óbvio que se aplaude a vontade manifestada de os alunos das nossas escolas serem bem ensinados quanto àquilo que foi a Revolução dos Cravos, o que ela significou, e quais as suas mais profundas motivações.

Mas também é preciso falar do que foi a sua evolução, e alguns tortuosos caminhos que o País percorreu nos tempos posteriores.

E que não se caia no erro de criar um novo hiato na História, saltando agora de 1926 para 1974.

Mas este não é o aspecto para mim mais preocupante.

É sabido que o ensino em Portugal teve um longo período de laxismo, de falta de exigência, de quase inutilidade ou superficialidade dos programas . Isto sobretudo no chamado Ensino Secundário, tendo chegado a existir um período de tempo em que era interdito reprovar em anos de passagem sem provas de exame.

O que era bom ouvir aos responsáveis da Educação seria afirmar não só a autoridade dos professores, mas sobretudo ter a coragem de elevar os critérios de exigência no que respeita aos níveis de conhecimento teórico e prático dos alunos, reduzindo o “folclore” das discussões estéreis e pseudo participativas, e aumentando o sentido de responsabilidade de alunos, professores, encarregados de educação e sociedade em geral na construção de uma “Escola” como verdadeiro “Espaço de Formação Cultural e Cívica”.

Ao que parece já vamos muito atrasados nesse caminho, mas,como diz o povo “mais vale tarde que nunca”.

 

 PS: Hoje é dia de “A Muralha”.

publicado por H. Dias Pedro hdp às 00:59

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Segunda-feira, 23 de Abril de 2007

"Porque Não O Deixam Ser Criança"?

Não é decerto a melhor notícia para começar a semana, mas é importante que não nos vamos esquecendo de coisas horrorosas que acontecem por esse mundo fora.

Segundo noticia o “Expresso On Line” um  rapaz de 12 anos foi usado pelos Taliban (Afeganistão) para degolar um indivíduo  afegão acusado de ser espião a favor dos americanos.

O rapaz, de 12 anos, cumpriu a missão de que o incumbiram, e, munido de uma enorme faca degolou o suposto espião.

Ao que parece esta cena está filmada pela televisão Al Arábia, do Dubai.

Decerto educado em alguma “madrassa”, este “menino” julgará ter cometido um grande feito, acredita ter salvo o Islão, está posicionado na linha da frente para matar, seja qual for o método, seja qual for a vítima, seja qual for o motivo.

Admito que o horror de tal notícia me impelisse a uma abordagem cega, condenatória de tamanha monstruosidade.

Que os meus sentimentos de homem educado no respeito pela vida do próximo, a sensibilidade de jurista que abomina a pena de morte, o conjunto de valores de ocidental e europeu que me fazem muitas vezes sentir-me “culpado” por existirem mundo fora milhões de crianças que, por falta de alimentação e assistência, morrem muito antes dos 12 anos de idade, me tolhe a capacidade de escrever de modo imparcial sobre tal assunto.

Já várias vezes disse ser contra os fanatismos religiosos, venham de onde vierem, já várias vezes escrevi neste espaço contra aquilo a que chamo a “hipocrisia” dos americanos.

Não posso deixar de dizer que este facto relatado pelo “Expresso” é das coisas mais hediondas de que poderia tomar conhecimento. E a suprema ironia de tal notícia, no que a mim pessoalmente diz respeito, é que ao lê-la, me ocorrem de novo à memória as imagens do horror que foi o 11 de Setembro de 2001 com os aviões despenhados contra as torres de Nova Iorque, e a morte de milhares de cidadãos completamente inocentes.

É triste dizê-lo mas, depois  de ler tal coisa, sinto-me tentado a desculpabilizar os americanos pelas atrocidades que têm cometido.

Não é evidentemente fazendo a apologia da guerra que se acaba com o fanatismo e terrorismo islâmico.

Pelo visto ele continuará lá, firmado no absolutismo do “Corão”, perdoado ou, pelo menos, comprendido e tolerado pelo mundo ocidental.

O problema está em que, de tempos a tempos, vêm sinais de completa intolerância do mundo islâmico.

E por muito que me custe, sou forçado a dizer que não me sinto obrigado, em nome de qualquer tolerância ou princípio ético-democrático, a ter de aceitar passivamente casos de pura barbárie como o que aqui vem relatado.

É muito bom ser ocidental e europeu.

É muito mau ter de explicar aos nossos meninos de 12 anos, que nem todos os “meninos” de 12 anos nalgumas partes do mundo, são como eles.

 

PS: Hoje é dia de Fábula em “O TRIPÉ”.

publicado por H. Dias Pedro hdp às 00:10

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Domingo, 22 de Abril de 2007

"Novas Oportunidades e o Velho Ciclo"

Há sempre uma primeira vez para tudo.

E se algum dia me dissessem que um artigo meu haveria de ter um conteúdo como o de hoje, diria tratar-se de brincadeira, e de uma hipótese praticamente impossível.

O facto é que não resisto hoje a elogiar Daniel Oliveira do Bloco de Esquerda.

Trata-se de alguém cujos escritos no “Expresso” e intervenções na televisão, designadamente no “Eixo do Mal”, tenho acompanhado e, de um modo geral, não me suscita grande entusiasmo, raramente passando das frases feitas e daqueles velhos chavões de uma esquerda que continuo a considerar bolorenta e ultrapassada.

Hoje, porém, ao ler a sua coluna naquele semanário, e sobretudo na parte que respeita àquele Programa lançado pelo Governo “As Novas Oportunidades”, não posso deixar de dizer que, pela primeira vez, me sinto identificado com a opinião de alguém do “Bloco”.

Sobretudo porque desmistifica uma campanha publicitária absolutamente bacoca e contraditória, servindo-se de figuras bem conhecidas do público para tentar fazer passar uma mensagem que nada tem a ver com os objectivos do dito Programa.

De facto, e como bem salienta Daniel Oliveira, usando um magnífico título “Ser Alguém na Vida”, aquilo que ressalta das intervenções publicitárias de, por exemplo, Pedro Abrunhosa ou Judite de Sousa, entre outros, não é a garantia de se ter conseguido um trabalho estável e seguro, nem de se promover a permanente formação de cada um em nome de um enriquecimento pessoal e colectivo na área do conhecimento e valorização.

A ideia que passa é a do êxito fácil, da fama, da notoriedade pública.

Como muito bem diz Daniel Oliveira, pessoas como Alexandre O’Neil, José Saramago, Sophia de Melo Breyner, e outros mais, não terminaram os seus estudos, e nem por isso deixam de ser “alguém” no mundo da nossa cultura.

Aqui fica o registo da minha total concordância.

Passando o exagero do exemplo, esta história recorda-me aquela outra, recentíssima, da propaganda de “Allgarve”, sobre a qual de resto também neste espaço já deixei a minha opinião.

Até parece que também no campo da propaganda se anda a meter “canudo” a mais.

 

E quanto ao “Velho Ciclo” uma breve referencia.

A frase  é de José Ribeiro e Castro na sua declaração de derrota nas directas do CDS.

Diz ele que aqueles (e é impossível não conotar isto com Paulo Portas e seus apoiantes) que andaram durante dois anos a fazer oposição interna, com isso minando a estabilidade do Partido, conseguiram este sábado o que queriam.

Que os resultados das directas significam o regresso do CDS ao “velho ciclo”, e que disso ele, Ribeiro e Castro, se demarca.

O futuro dirá se tem ou não razão.

Uma coisa porém é indisfarçável. O poder, nas suas diferentes manifestações, está entregue a uma geração de políticos que não sabe viver sem ele.

Paulo Portas não aguentou muito tempo a ausência daquilo que, em linguagem futebolística, se chama “cheiro de balneário”.

Em que é que isso serve o País é que tenho grandes dúvidas.

publicado por H. Dias Pedro hdp às 00:02

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Sábado, 21 de Abril de 2007

Os Saguis Prateados...

Salvemos os saguis prateados (pequenos mamíferos) em vias de extinção, e salvemos a pantera, o leopardo e os chimpanzés.

Vai para aí uma grande confusão, mais uma daquelas à portuguesa, acerca do Jardim Zoológico da cidade da Maia, criado em 1985 e, ao que parece, tem crescido de modo equilibrado, apoiado pela respectiva Câmara Municipal, e sendo uma referencia para muitos milhares de visitantes.

Por achar o tema curioso resolvi abordá-lo como assunto mais ligeiro para um blog ao sábado.

Façamos um intervalo naquele rol de tristezas políticas que regularmente nos ocupa, até porque amanhã é domingo, dia de eleições em França (e aqui temos o exemplo de mais um domingo que vai servir para muita coisa, começa a ser tradição na Europa) e vai ser necessário estar com toda a atenção ao que se vai passar. Por acaso até estou convencido que vai haver a esse respeito, a França, uma surpresa das antigas, mas isso logo se verá.

Por hoje, e já que ontem falámos da gata perfumada, detenhamo-nos na bicharada propriamente dita.

A fonte é o “Jornal de Notícias”, e a leitura da matéria respeitante ao Zoo da Maia causa alguma perplexidade.

Tanto quanto se percebe tem havido apoio das estruturas autárquicas, e o dito zoo está bem implantado e aceite pela população, mas à boa maneira portuguesa serve também ele de exemplo de confronto norte-sul.

A coisa chega ao ponto de o Presidente da Junta de Freguesia dizer que se trata de uma “cabala”, e que estão a pretender encerrar o zoo da Maia com métodos habilidosos para levarem os animais para Lisboa.

E quem pretende tal coisa?

Pelo que se percebe da notícia é o Instituto de Conservação da Natureza, com o argumento de que o parque onde o zoológico está instalado não oferece as melhores condições para a sobrevivência dos animais.

Mas percebe-se também, e fazendo fé no que é dito pelos responsáveis, que o dito zoo tem sido objecto de várias auditorias, e que as entidades locais têm cumprido até hoje todas as exigências que essas mesmas auditorias impõem.

Mais: por causa disso, abdicaram de ter no zoo algumas espécies animais, de modo a evitar o argumento da falta de espaço e de condições adequadas à reprodução e crescimento das espécies que lá se mantêm.

A história parece um bocado mal contada.

Ora, voltando ao exemplo dos saguis, dizem os responsáveis do parque que, sendo uma espécie em extinção, ainda ali recentemente nasceram quatro crias, pelo que esse argumento da falta de condições não colhe.

Dizem mais:  querem encerrar o zoo de qualquer maneira.

É que não querem levar só os saguis. Estão também em causa os chimpanzés, uma pantera e um leopardo.

Bem vistas as coisas, até parece que só há um sítio em Portugal onde se pode ser sagui, pantera, leopardo ou chimpanzé. E esse sítio, como se torna óbvio, é a capital.

Mas não será que lá por Lisboa já há bicharada que chegue?

Bem…quanto a leopardos e chimpanzés não tenho grandes dúvidas. E quanto às panteras até acho que andam por lá completamente à solta.

Já no que respeita aos saguis, e sobretudo saguis prateados, até por se tratar de espécie em extinção, admito que Lisboa necessite de adoptar alguns. Mas francamente, levar os saguis todos da Maia porquê?

Haja alguém que lance uma campanha a favor do zoológico da Maia.

É capaz de ser mais atractivo que o aeroporto da Ota.

E custa muito menos dinheiro.

publicado por H. Dias Pedro hdp às 00:14

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